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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Estamos tendo qualidade no jornalismo?

Fugindo um pouquinho dos temas que abordo aqui no blog, gostaria de compartilhar com vocês um texto que escrevi há algum tempo quando conheci o professor da USP José Coelho Sobrinho e o ex diretor do Sindicato dos Jornalistas, Franklin Valverde. Ambos me deram uma visão mais crítica sobre a profissão e colaboraram para minha formação enquanto profissional na área.

Segue...


Já parou para pensar na exigência de qualidade que se faz ao assistir um programa de TV, ler um jornal ou uma revista? Acho que quase nenhuma análise crítica de exigências pelo o que interessa. Estão todos cansados demais para ter que pensar ainda no que é bom ou ruim na televisão, rádio e outros meios de comunicação. O bom é chegar em casa, pegar o controle e zappear só para relaxar, não é mesmo? E quais as preocupações que isso gera para os profissionais da comunicação na ânsia de querer oferecer o melhor para o público?

Um estudo feito na Universidade de Oxford mostra que as principais preocupações em relação à qualidade do jornalismo estão nos quesitos: futilidade, invasão de privacidade e o descompromisso com a verdade. Cada um desses ruídos na comunicação abrange diversos fatores como, por exemplo, a obsessão com as fofocas sobre celebridades, sobre escândalos montados para divulgação de nomes, os denominados sensacionalistas que hoje não estão mais restritos somente a eles.

A futilidade da comunicação aparece quando ela não emite mensagem alguma. O que pensar de construtivo e valorização de seu tempo quando o que está sendo discutido são “namorinhos” na tv, a vida de celebridades, briguinhas entre parlamentares, discussão de quem é feio ou não. A invasão de privacidade pode ser vista mais como uma invasão em cada casa quando ao acompanhar a mídia, estão mostrando meia dúzia de pessoas ávidas pelo sucesso fácil. Alguém perguntou se era isso o que te interessava ver?

É necessário entender que a crítica à imprensa atual não é crítica ao público, afinal, qual o tipo de educação oferecida para entender a comunicação? Segundo José Coelho Sobrinho, jornalista e professor da USP, “não há educação para a comunicação. Quando novelas induzem na maneira de vestir e nos assuntos do dia seguinte, alguma coisa está errada. Quando um BBB se torna herói nacional, estamos entregando nossas consciências ao grande irmão e, por mais lamentável que seja, estamos criando novos valores sociais editados pela mídia”.

 A mídia tem grande poder de influência, e se a liderança influente não for consciente sobre o impacto que causa nas pessoas, isso se torna um problema oculto pelo fato de não ser questionado. São indispensáveis bons comunicólogos que dão ênfase no sentido da comunicação que educa e dinamiza a sociedade, e para tal é preciso estudo, faculdades de comunicação de qualidade, jornalistas por formação que estendam a capacidade de comunicar a toda população.

Pense na diferença que faria ensinar uma criança desde cedo à compreensão da realidade através da boa leitura, de um repertório maior para um entendimento conotativo e criativo. Sobrinho acredita que para melhorar a qualidade das mídias “é necessário criar mecanismos que eduquem os leitores e telespectadores à avaliação crítica de todos os meios de comunicação”, diz. Se não tivermos isso, o que dizer da atual e futura qualidade do jornalismo?

Para Paulo Botão, coordenador do curso de Jornalismo da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) “a qualidade no jornalismo depende de vários  fatores. É importante pensar na formação do jornalista, que envolve dimensões éticas, técnicas e sócio-culturais. Na defesa da liberdade de imprensa, pois jornalismo só existe em um ambiente de absoluta liberdade. É importante também levar em conta as condições que envolvem o exercício da profissão.” E acrescenta, “O jornalista deveria ser mais valorizado, pois o resultado do seu trabalho é fundamental para a manutenção de uma sociedade democrática. Trata-se de um serviço público essencial”.

O livro Jornalismo, ética e qualidade (publicação da Editora Vozes, escrito pelo professor de Ética Jornalística Carlos Alberto Di Franco), traz o seguinte trecho: "Há atitudes na vida privada que prenunciam contendas no âmbito público. E os leitores têm o direito de conhecê-las. Se assim não fosse, tudo o que teríamos para ler na imprensa seriam amontoados de declarações emitidas pelas próprias fontes interessadas.

É nisso no que a imprensa precisa estar voltada. Por isso, é importante refletir sobre a mobilização e dispêndio de tempo gastos na informação transmitida e em quem a transmite. Saber dos entornos éticos que envolvem o mundo da informação.

Um abraço,
Aline Kolbe

Um comentário:

Cristao confuso disse...

Gostei do texto.

Imparcial na exposição. Quem dera todos fossem assim quando divulgassem a informação.

Zé Luís
Cristão Confuso